quarta-feira, 24 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Defeitos bem feitos
Eu levo desaforo pra casa e deixo confusão em tudo o que desperta meu interesse. Eu me confundo com o que a vida quer de mim e quando eu quero algo a vida tá em uma outra vibe. O meu tempo eu mesma faço e nada me acompanha a não ser todos os desaforos da vida. Aprendi a responder pro mundo, mais sempre dou as respostas erradas, sempre sinto uma vontade de rir quando não pode, de chorar quando não precisa ou talvez pareço não precisar, de viver pra sempre quando tudo flui, de sumir quando as coisas escapam dos dedos, de ler quando quero ser melhor. Nem sempre quero ser melhor, confesso, as vezes quero somente ser eu, sem luz, sem brilho, sem palco, sem platéia,sem maquiagem e me sentir feia sem culpa, tranqüila com a minha unha por fazer e meu rabo de cavalo desalinhado, vestida naquele short com um furinho no canto direito, apenas sabendo que ser eu mesma sempre terá conseqüências e sempre será um pouco esquisito ou broxante. E eu descido voltar a trabalhar, mesmo que isso torne a faculdade um pouco mais puxada, e acho que mereço também uma sala de estar só minha, bem espiritualizada, com meus filtros dos sonhos, meu ganesha, pôsteres de filmes, um sofá espaçoso, um ar retrô, e claro, uma varanda enorme com algumas plantas e uma rede, que caiba muita gente que assim como eu não entendem de nada mesmo e nunca vão entender, mas não ligam muito, e bebem, amargam, riem e lutam, lutam para não se importar em se encaixar nessa sociedade que é tão seletiva. Eu passo pelo corredor e vejo pessoas dizendo que detestam a área dos fumantes e que não querem ser fumantes passivos porque esses são os que morrem mais rápido, e dizem com um copo de whisky nas mãos e eu prontamente concordo, concordo e passo, enquanto encho o meu fígado de álcool e abro outra carteira, e me sinto morrendo aos poucos com o privilégio de estar a frente daqueles que morrem numa tacada só, por motivos horriveis que é bom nem pensar agora, pois já bastam os jornais locais na hora do almoça. Deus inventou a TV a cabo, eu sei. Sobre você? Há, eu acho que você me leva ao pé da letra demais, e a vida também, e o seu coração também, e de repente tudo fica tão sério que você se assusta, porque tudo acontece muito rápido, eu acho que você já viveu tanta coisa, mas sente a necessidade de descontrair o abdômen e ser indefesa, querer precisar de um colo, e o meu colo é seu, e você me mostra o quanto precisa respirar sem o peso de se matar aos poucos para atingir a perfeição, anulando os seus melhores defeitos, e eu me dou inteiramente a essa sua fragilidade encantadora. Eu amo a vida o suficiente pra não ter medo de morrer. Não sei porque to falando tanto sobre isso hoje,essa palavra as vezes assusta, eu sei. Eu morro sempre, já estou acostumada, mas não falo muito sobre isso. A palavra fênix tatuada na minha nuca não me deixa esquecer que eu sei renascer e que eu preciso de pequenas mortes diárias pra sempre renascer no fim do dia. Como naquele filme do Tarantino, eu já matei sentimentos, loucuras, defeitos, qualidades, já sentei em um restaurante sabendo que não devia matar nada em mim, mas precisei, todos ali precisaram, você precisaria, só pra poder sair de lá sobrevivente a tudo o que a sociedade te exige ser e fazer. Certo, é verdade, é tudo muito rápido e eu levo tudo pro pessoal, inclusive você, você é o que de mais pessoal eu tenho e pretendo matar meus piores defeitos e deixar os melhores, porque meus melhores defeitos talvez sejam a minha melhor parte. As minhas piores qualidades eu deixo na reserva pra último caso, e todo o meu melhor te deixo conhecer, aos poucos.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Não precisa entender
Sabe quando você não tá com saco pra ser amiga de ninguém, nem boa vizinha. Não dei bom dia pra você mesmo e não vou dar e estou de boa com isso, aliás, tô até mais leve pra ser sincera. Levar tantas brochadas da vida, das pessoas, sorrir pra quem não te sorri de volta, falar e receber uma resposta atravessada, a vida não é boazinha comigo, então foda-se, não vou sentar nessa sala de espera hoje, hoje tô daquele jeito, sabe aquele jeito quando você não se importa se gostam de você, não ta com humor pra brincadeiras, nem rir de nenhuma piada mais ou menos e está cagando se a pessoa vai se ofender porque você não deu uma risadinha caridosa, como se fosse uma obrigação não ser 100% você. É exatamente assim que estou, mas não posso, é mole? Estética social acima de tudo. Eu posso com isso? Não posso ser egoísta, quem disse? A vida é tão egoísta comigo, então sim, acho que posso me dar ao luxo, dá licença. Hoje estou cansada de amar e quem disse que é regra, porque preciso ter algum sentimento explícito? Quem disse que eu preciso. Ninguém diz pra você o que você deve sentir, você simplesmente chega e sente, coisas boas e ruins, empatias ou não. E de repente é tanto sentimento misturado, tanta gente misturada que cansa, enche o saco, e por vezes parece que com tanta gente, você não vai fazer falta ao redor deles. Mas aqueles poucos e verdadeiros estão alí, porque os verdadeiros são poucos e se você acha que os seus são muitos, há meu bem, é uma pena ser a pessoa a dar essa notícia, mas, alguém ta sendo enganado ai. De qualquer forma são eles que vão me entender, portanto foda-se o resto.Eu posso falar/escrever palavrão aqui? Enfim,a boca/mão é minha, e o meu senso crítico decidiu que a hora e o local são apropriados. E então eu fico melhor sem peso na consciência. É tanto amor que eu nem sei o que é amor de verdade, se ele existe, porque eu acho que existe, mas amor é como arte, quem vai definir o que é e o que não é. Pra alguém o que é amor pode não ser pra outra pessoa, e eu vou amar do jeito que eu quiser e sou eu quem vai dizer se isso é amor ou não. E não ouse me contestar, não queira saber dos meus sentimentos mais do que eu, não queira me ver contrariada, não julgue mais do que você é capaz de sentir. É meu, qual a parte que não deu pra entender que eu posso definir o que é o meu próprio sentimento, dá licença novamente. É muita gente botando o bedelho. Cansa. Só por hoje acordei torta, então não se assuste, vou te botar pra correr, desejando lá no fundo do meu coração, com todas as esperanças sonhadoras e insanas, que você releve, não precisa nem tentar me entender, só espero que decididamente disposta a ser todo esse amor sempre mal interpretado, disposta a me amar sinceramente, você não ligue e fique e então com toda a paciência de quem quer ficar bote pra correr todo esse meu mal humor.
domingo, 24 de julho de 2011
Essa é a hora em que escrevo.
Eu levo a sério a dor, a carne, o amor, e me incomodo, porque eu acredito nas coisas que fluem, que se deixam acontecer e quando não acontece, não flui, eu tenho os velhos desejos infantis. Eu sei que tudo é tão real hoje, mas as vezes finjo que é fácil, que posso brincar um pouco com a vida entende. Gosto das minhas convicções, minhas certezas, mas também gosto de aprender, aprender com o que lateja, o que prende a garganta, sufoca o estômago, com o amor, com o nada, com o silêncio que tortura, a vontade de se sujeitar, de querer quase odiar e ao mesmo tempo cuidar, de beber em lugares sujos ouvindo musicas sujas, ou aquelas belas musicas que só os sujos ouvem, e esquecer que o celular pode tocar, esquecer que ele não vai tocar, ver a vida te segurar pelo braço, com uma força grosseira, deixando a marca dos dedos, em meio a uma sujeira indefinida, uma razão indefinida, uma vontade indefinida, de ligar, de mudar de cidade, de país, de comprar pão na esquina pra mudar um pouco a rotina claustrofóbica. Sobe um cheiro de leite no ar...e ele tá azedo,ele passou do ponto, ninguém viu, eu não vi, e eu choro o leite derramado. Sobe a vontade de jogar a casa os moveis, o amor pelos ares, de ser tudo e sentir tudo de uma vez, o caos e as estrelas, essa madrugada que me inspira sempre, me liberta. Foi numa dessas madrugadas que descobri que eu posso me ouvir, me calar, é quando não sinto preguiça nem medo de conversar comigo mesma, fico mais a vontade com a minha presença. Enquanto a cidade faz silêncio, meu peito agora se levanta e me da um banho de realidade, de superioridade, de egoísmo, de humildade, de culpa, de descaso. E o cigarro disfarça o tédio, a raiva por não controlar tudo em mim, o nervosismo, a espera, o olhar perdido, uma nova chance a mim mesma, uma pausa pra decidir, fugir ou estufar o peito. Talvez agora eu esteja melhor com tudo isso ou talvez eu esteja mais frágil, e isso não quer dizer que não esteja melhor, nem todos tem coragem para a fragilidade, mais eu sei que não serei sugada ou corrompida por ela...eu deixo ela vir, pois eu sei até onde ela pode ir. Alguns porres, alguns dias de puta, outros de pena, outros de santa, outros de merda, me ensinaram sobre os meus limites. Eu me sinto mais gente agora. Eu escrevo sem parar, tudo sai muito rápido e eu tento acompanhar com meus dedos desacostumados no teclado. Paro, tomo um café, acendo outro cigarro. Meu peito fica leve então entendo, se eu não posso amar, ao menos então eu ainda posso escrever, e um pouco melhor. Ufa.
terça-feira, 5 de julho de 2011
O outro outono
"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente."
Dalai Lama
Não quero assim, não quero ter que provar que posso ou mereço ser amada, eu nem sei se eu mereço, nem sei se eu posso, nem sei se é outono, tão envolvente e tão surpreendente. Mas o que eu quero, eu quero ser amada pela cor dos meus olhos que você enxergou no primeiro dia, quero ser amada pelo cheiro que ficou na pele. Não quero que a minha idade importe,nem o meu sotaque ou meus traumas passados. Não quero participar de uma seleção de 3 ou 4 fases pro cargo de amor de alguém, porque eu acho que amar não é algo cheio de regras, é algo que surge e é essa a sua grande magia, o amor que nasce sem explicação, sem sentido, sem pra que ou porque. Tudo pesa, minhas palavras, as dos outros, os meus pensamentos, a minha respiração tá muito pesada. Eu quis abrir uma janela no meio do teu peito, quis passar por ela, mas eu não abri a janela, eu bati na porta, não sei se foi esse o meu erro, ter ido pela porta errada, eu não sei ser nada menos que eu, e esse buraco que se instalou entre meu pulmão e minha vontade de chorar até secar,secar toda dor,secar todo amor, aumenta e só aumenta, e eu não posso fazer nada a não ser ficar parada enquanto esse sentimento estranho e novo corroi minha alegria, corroi meu estômago, me faz sentir uma dor e uma falta de ar. Existem vários tipos de amor,a dor é uma só, ela só dói,simplesmente, por qualquer motivo e em qualquer circunstância que ela possa aparecer ela faz você sentir um vazio interior e uma dor no estômago. Eu sempre resolvi meus amores sofridos com outros amores, novos, pra fugir da dor antes que eu não tivesse controle sobre ela. Agora eu só quero chorar...chorar sem ver ninguém. Quero sentir toda a dor que eu puder até não ter mais dor pra sentir e então poder seguir em frente. Eu fico forte, eu caminho de cabeça erguida,eu reajo ao desespero, mas quando eu abro a porta do meu quarto e vejo tudo o que é meu e tudo o que me é tão familiar e íntimo...me sinto acolhida,me sinto em casa, livre, livre pra poder desabar, me desarmar do meu escudo protetor completamente, tirar o espartilho, a cara feia, o salto, me jogar na cama e fazer a única coisa que sinto vontade agora, a única coisa que ocupa meus pensamentos, uma imensa e colossal vontade de chorar. Eu preciso chorar, e eu sei que isso tá ficando chato, eu sei que esse texto tá ficando uma droga, então eu só devo estar no caminho certo, porque ele está expressando exatamente como me sinto agora. Não sou uma boa companhia, não agora, nem pra mim,quero sair de perto de mim e não consigo, quero me desencontrar, quero fazer o mundo parar de rodar no meu estõmago,quero parar de tentar entender o que quer que seja, quero fugir da dor por isso não me olho no espelho, não adianta. Depois de tudo, só o meu choro insistente é que me acompanha, me acompanha em tudo o que em mim sobra, eu choro o que sobra do medo, eu choro a dor que usa as sobras de mim pra doer, choro o excesso do amor que ainda enche o espaço que é do ar, transborda e sobra.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Sabe o que é difícil?
É não ler teus pensamentos, é não poder controlar a minha dúvida sobre eles, a minha vontade de te agarrar e não soltar nunca mais. É querer ser o teu mundo, mas ter medo de te dizer um eu te amo, e não saber ate onde eu devo. Essa frase é a única na terra que deveria ter passe livre sempre, em todas as horas e lugares, a única que nunca poderia ser censurada em qualquer circunstância, seja ela qual for. Sabe o que é difícil? É não saber o quanto você acredita ou percebe quando eu não falo nada, mais te olho profundamente, querendo ser parte da tua alma misteriosa, do teu corpo, do teu coração, da tua vida, enxergando depois da tua íris tudo o que você é, sem ao menos saber de fato. E respirando fundo o teu cheiro, o teu olhar, a tua voz, o teu medo, a tua independência e tua calma ao me olhar com carinho e com a serenidade de quem talvez saiba como o amor funciona, enquanto meu peito grita num desespero sufocante de vontade e de amor. Eu não quero ter que topar novamente com meia dúzia de garotas iguais nas baladas da vida, com olhares de caça, como se uma bomba fosse explodir todas as mulheres dali a alguns minutos e por isso você precisa ser beijada, cansei de bocas utópicas de sentimentos inexistentes. Eu quero você e toda a nossa vida, deu pra entender, é a sua historia que me interessa. Eu quero que o meu bom dia e vez ou outra algumas surpresinhas matinais, só pra não cair numa rotina, sejam a primeira coisa que você escute e veja ao acordar, assim como a minha avó que por cinqüenta e oito anos foi acordada pelo meu avô com café na cama todos os dias. Mas sabe o que é difícil? É acordar pela manhã com a tua presença tão distante, é perceber que você é uma parte necessária e dês de quando eu não sei, mas continue sendo, por favor. Já chega de cheirar postes a tua procura, já chega de baladas cheia de menininhas robóticas que fingiam ser você só pra facilitar uns 3 a 4 beijos. Chega de sentimentalizar pessoas que eu sabia que não eram você, mas que me queriam bem e por isso ficavam ao meu lado, chega de me arrumar pra ir a padaria porque talvez pudesse cruzar com você, chega de esperar você esbarrar em mim. Eu era uma fora da lei em bares sujos, brincando de muitos amores, sonhando com você baixinho, e agora tudo o que eu quero é entrar em lojas de conveniência contigo e comprar algumas guloseimas para irmos comendo no carro enquanto seguimos na estrada rumo a um fim de semana no litoral, ouvindo Alanis, Jazz, Bob Marley e Bossa Nova. Com uma câmera nervosa registrando cada gesto feliz. Eu quero parecer forte, eu quero parecer melhor, eu quero parecer um céu que eu nunca vi, só pra te fazer sorrir, só pra te fazer ver estrelas em mim. Sabe o que é difícil? É ter tanto medo de tudo, é me sentir um bichinho acuado quando qualquer mínima expectativa minha é frustrada e não acontece como eu esperava exatamente, é sentir a mínima dor e querer me afastar, te afastar, instintivamente. E logo depois sentir o peito vazio e inchado e sentir a dor silenciosa descer devagar pela minha garganta como se estivesse sem fim, sem fundo, pelo simples pensamento de ficar longe de você, e continua descendo, e então querer suportar qualquer dor dês de que eu possa te tocar, te escutar ao pé do ouvido, fechar os olhos e sentir teus cílios tocando o meu rosto e sua respiração entrando pela minha boca e os nossos lábios não precisando se tocar pra eu sentir o melhor beijo da minha vida. É não aceitar o porquê disso parecer superficial só porque aconteceu tão rápido e te ver segurando palavras, gestos e ter que me segurar na cadeira, tentando ver em que parte do muro invisível nos estamos e se falta muito pra sermos tão transparentes e espontâneas o suficiente para nos sentirmos em casa, uma dentro da vida planejada da outra. É me sentir de mãos atadas, me sentir a beira do precipício, fraca, e me sentir louca e pedir perdão para as mulheres perfeitas porque eu falhei. É querer demonstrar tudo de uma vez, mas não saber até onde posso sem te assustar ou te afastar e não entender porque o amor assusta tanto, e ele me assusta sim e eu recuo, eu sofro, eu me arrependo de recuar e eu choro a tôa, eu choro sem barulho e passa, e eu corro desesperada em busca dos teus braços que vão me dizer que tudo passou e que estamos bem, e então me sentir nova, me sentir divina, me sentir parte do mundo, imbatível, cheia de defeitos engraçadinhos, cheia de amor no coração, me sentir leve e me sentir em paz com o mundo. E resolvo ficar só comigo por umas horas, mas acabo falando com algumas pessoas pela internet que me mostram uma visão de fora, aquela que a gente nunca vê, e de repente aquela vontade de socar o mundo só pra sentir a mão doer e latejar e lembrar que você ta viva e esquecer que o mundo não é bonzinho e que alguém sempre merece um soco da vida pra lembrar disso e então querer o teu colo pra esquecer de tudo. E eu sei que isso tudo faz tanto sentido mais quando a gente resolve falar parece meio louca. E depois de terminar esse texto, não precisa dizer nada, eu sei, eu já sei que nasci tarde, sou exagerada, louca, imatura, superficial, confusa, mas apaixonada, apaixonada por você. Loucamente. Sabe o que é mais difícil? É não poder dizer isso olhando nos teus olhos agora, e ao invés de te escrever, eu iria te beijar, mas então se a vontade apertar fica tranqüila, prometo segurar o sono até você chegar.
sábado, 25 de junho de 2011
Tudo que não esquenta
A falta escancarada é no mínimo estranha. Não o amor em sí, nem o fato de não amar uma pessoa específica. Amo e valorizo tudo o que passei e amo cada parte da minha história, mas o fato aqui é de não estar apaixonada por ninguém. Coração vazio é a oficina do diabo, então com a autorização do dono, senta ai, afasta os cacarecos e vamos tomar um chopp . Isso poderia significar coração tranqüilo, mas é então que um defeito geneticamente feminino chamado estado de hiper afetividade, ataca todos os meus poros e veias, é como se eu estivesse meio surtada e oca. Eu deveria mesmo era estar cagando pra tudo isso, afinal tantos cotovelos latejando pelo mundo afora, tantos nãos, tantas decepções, medos, ciúmes, inseguranças. Eu deveria acender uma vela e relaxar no sofá, livre de cada gosto azedo de medo entre um sorriso apaixonado e outro. E eu descubro que eu estou realmente cagando pra tudo isso, mas é pra tudo isso que é morno, que não ferve, não pulsa, não respira, nem se nota. To cagando pra tudo que não faz o sangue ferver, o coração ferver, com troca de olhares profundos que interfere por um momento no bom funcionamento dos seus pulmões dificultando a passagem do ar, aqueles palavras tão desejadas que são faladas quando você menos espera, novidades e descobertas a cada reencontro, beijos ardentes após uma briga, aquele telefonema tão aguardado que ainda consegue te pegar de surpresa, um simples telefonema inesperado é uma afronta ao aquecimento global. Quando eu era criança e algo dentro do meu estômago não estava muito bem, minha avó me dava água morna para eu vomitar o que estivesse me fazendo mal. Agora entendo porque o morno embrulha o estômago. Depois de faxinar desilusões, arrependimentos, frustrações, eu sinto agora esse morno, estou perdida nesse meu autocontrole. Quero sim soluçar e desmoronar ao som daquela canção que parece ser feita por encomenda, quero perder esse autocontrole excessivo, e depois reclamar que estou vulnerável, mas ai logo em seguida por a mão no rosto fingindo que estou preocupada para poder sorrir, feliz sem que ninguém perceba que é na verdade porque eu estou lembrando de alguém que é importante o suficiente para me fazer sorrir boba pro mundo, pro muro, pro poste,pro nada, pro velho na esquina comprando seu jornal pela manhã enquanto eu ando pela rua com roupa de noite, um resto de maquiagem tímida e um pensamento longe. Quero surpresas, gargalhadas, choros, compras no supermercado, dividir o cantinho apertado do sofá mesmo quando todo o resto esta desocupado, quero um bom dia, dividir um sorriso, café da manhã e tudo o que a vida tiver pra me aquecer. Menos que isso não basta. Meu estômago dói, mais eu prefiro, não quero mas ter que continuar vomitando um meio termo pra essa vida.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Pesa e pende
Esse é um daqueles dias de desejos contrários. Querer odiar tudo a começar por você, querer ferir, querer sangrar, querer desligar. Não quero que me passem a mão na cabeça, pelo menos não hoje. Tudo parou, tudo esta congelado, tudo pede passagem, e passa... E eu só digo vai, fere, cospe, mas ignorar não, isso não, por favor. Preciso preencher meu ego, de orgulho ou de ressentimento, que seja, não me prive desse último desejo. Não leve tão a sério meus desabafos cortantes quando você não os quer, quando você não precisa deles. Só eu preciso, só eu preciso mergulhar nas minhas palavras vomitadas e tardias. Mas caso queira levar ao pé da letra qualquer descaso, não esqueça que eu desejo o melhor pra você em qualquer situação, até naquela em que eu queria gritar com você, te empurrar com pequenos socos, ate você me abraçar, te mostrar que por muitas vezes eu sou mais em você, um amor que sempre reacende e você sabe, porque sempre foi assim e nós sabemos, só nós, de nós, por baixo de tudo,por dentro de tudo, porque tudo estava alí, mas eu quis te amar por partes,lugares, épocas e continuarei assim, porque eu sei que se eu te encontrar em ruas sujas e por qualquer coisa precisar de você, você vai cumprir com o que prometeu. Lembra? você disse que sempre estaria aqui. Não me abandone quando eu mais preciso te esquecer pra poder não deixar de te amar, pra te ver nascer de novo. Me ajuda a saber viver sem te ter. O normal seria que eu tivesse um peso na consciência por ter sido omissa nos momentos que te tive sutil e intensa, talvez eu tenha, talvez eu entenda que eram só aqueles os nossos momentos eternos e intensamente felizes. Eu só lamento não poder te amar mais do que nossos limites e nossos encontros loucos.Põe o agasalho que a noite ta fria, me abraça forte até eu esquecer que te amo e volta no ano que vem pra me lembrar que somos uma da outra, lembrar que você sempre estará aqui por perto, por dentro.
terça-feira, 17 de maio de 2011
A estranha do Sul
To aqui há horas, aliás lá, dês de que ela me olhou algo diferente aconteceu. Não sei onde aconteceu, em que parte dela ou de mim. Se eu soubesse era a mulher mais feliz do mundo. Tudo, menos isso podia me acontecer, mas não deu tempo de pensar, as coisas da vida costumam chegar me dando rasteira, voadora. É como se fosse um favor forçado sabe, um sorriso amarelo que a vida te da às vezes, só para que de vez em quando você se lembre porque ainda esta por aqui e assim, continue por aqui. Você sente o soco no estômago e não respira, nem quer, nem precisa, nem sabe mais. Alguns segundos mágicos deram início a uma sucessão de acontecimentos estranhos, pelo menos pra mim. Tudo ao redor parecia normal, acordei bem aquele dia, dormi a noite toda. O sol estava na sua merecida folga da semana, só eu não merecia ter que levantar da cama naquele frio tão perfeito. Entre deuses e santos a chuva caia. Levantei meio automática e passei o resto do dia também assim. E aquela linda canção de Nana Caymmi me fala agora de Santa Catarina. Ela podia falar sobre tudo, mas falou exatamente sobre você, sobre o seu lugar, sem que ninguém sequer perguntasse, sem que eu esperasse o nome surgiu na canção. Foi de onde ela veio, pra me lembrar que ainda tenho algum brilho dentro dos olhos, dos pulmões, do estômago fraco, da voz,da cabeça confusa,só pra isso e mais nada, e depois ir embora de volta pra sua terra. E então com tudo isso, essa música justo agora, depois dessa noite, deitada meio torta na cama, com o notebook no colo embaixo de uma luz fraca, maquiagem por tirar, ponho justo essa entre milhares, será que sou somente eu ou você que parou nesse texto também acharia isso muito estranho. Total perca de tempo do departamento de coisas do destino, já que não acredito em coincidências, sobre uma pessoa que bem provavelmente não vou ver nunca mais. E digo isso exatamente para convencer meu inconsciente a não criar expectativas platônicas, fingindo eu que ele ainda não as tem.Eu quis fazê-la rir e consegui, eu olhava, analisava o cair dos cabelos desalinhados, o enrolado tímido nas pontas, podia ser o olhar, se não era isso, era algo bem perto, bem perto mesmo. Ou poderia também ser algo na voz, sim é claro, era a voz, tenho certeza, tinha alguma coisa naquela voz e eu não me refiro ao sotaque, era a forma como se dirigia a mim, me lembrando tudo o que eu já quis, sempre quis e estava esquecendo. Senti vontade de chorar, senti vontade de acreditar de novo, senti vontade de esperar de novo pelo amor perfeito e irreal, aquele mesmo, como o que ela provavelmente daria, bem na minha frente. Aliás nem sei se era amor aquilo que ela carregava no peito cansado, nem se ela era real ou eu imaginei tudo isso. Se ela realmente não brincava de amar,vai saber, e talvez e com um coração tao vivido e decidido como o seu olhar sério que sabia ser simpático sem sorrir. Ninguém chega pra dizer “Olha! se prepara porque alguém vai aparecer daqui a alguns minutos, sacudir teu desespero sufocado e ir embora”, como assim, qual a parte da placa “bata antes de entrar” esta sendo ignorada? Agora sou eu que sorrio amarelo pra vida, eu dou toda a atenção que eu não tenho às pequenas e bem formuladas frases que ela dirige a mim. É como se ser somente cordial não bastasse, me fosse muito pouco. Apesar de respeitar formalidades, preciso morrer de uma agonia sufocante pra poder reviver e se essa agonia vier assim. Se for como um amor eterno, imaginario ou mesmo platônico, fugaz e passageiro, que seja. O que será de mim, que não te decifrei e você já se foi.
terça-feira, 26 de abril de 2011
A imagem
A última vez que a vi ela estava alí, dentro da banheira quase sem água, nua, fumando um cigarro, de brincos como sempre. Eu sei de tudo, eu continuei a limpar o borrado da maquiagem, a passar o batom na frente do espelho que a refletia e não me deixava sair totalmente daquele espaço apertado do nosso banheiro, lembrando de algo que sempre esqueço e me pergunto porque nunca escrevo em um papel afinal, no fundo é pra sempre depender de você, você sempre lembra por mim, pra mim, mas não te perguntarei, não dessa vez. Você acende outro cigarro, não pretende sair dali tão cedo, era proposital, o seu olhar concentrado no celular ao lado lembrava a quem quisesse saber que tudo já passou. Em algum lugar no tempo eu estava alí, junto, sem roupas, sem medo e sem tristeza. Você fica na banheira, eu pego a bolsa e as chaves, por favor não esqueça de alimentar o cachorro.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Doces ou travessuras
(foto-autor desconhecido)
Se você amasse como corria com o pé enlameada pela rua, tentando tocar e paralisar alguém. Se você sentisse a dor com a disciplina de quando sabia que já era hora de voltar pra casa. Se você planejasse como se não precisasse, apenas pelo simples e leve fato de querer. Se você nunca tivesse deixado de acreditar que cavalos de fogo viriam, que bolas quadradas chegariam num trenó. Que você não precisaria lutar, nem se cansar, o universo inteiro estava no seu quintal e tinha tudo o que você precisava para ser feliz. E se quando você voltasse ele estivesse daquele mesmo enorme tamanho de anos atrás. Se cada aprendizado, cada dor, cada experiência conseguisse nos mostrar nos mínimos detalhes como é importante guardar a salvo o menino que dorme no nosso peito e levanta para brincar de vez em quando. Se o nosso coração soubesse quantos “Se’s” seriam necessários para formar uma certeza, não precisaríamos ter tanto medo dos riscos, das palavras, dos gestos, dos passados. Se falar tudo sem ter medo fosse saber viver, por serem apenas palavras, e são apenas lágrimas, e são apenas medos, e são apenas tudo um grande parque de diversão e na pior das hipóteses você andaria mais de uma vez naquele trem fantasma e você não teria medo de não chegar ao fim rindo de tudo. Que essa quantidade de doces que você tem nas mãos agora, seriam para presentear aquele, aquela, qualquer um, como o mais singelo dos gestos simples, porque era de coração,mesmo que só tivesse te custado algumas moedinhas, mas ninguém ligava pra isso, e ninguém chorava a não ser por mais doce. E esperando que o mundo fosse um grande quintal encantado e que ser criança não fosse uma fase, mas uma solução, uma saída.
segunda-feira, 28 de março de 2011
A nova cor
Ela me seguiu.A colombina, a bailarina, a garota que gostava de coelhos e cartolas. Ela dobrou a mesma rua, ela entrou no elevador, ela segurava seu yorkshire na mão esquerda. Eu falava ao telefone e pedi um pouco de silêncio a minha hiperatividade. Ela me olhou até me calar, justo ela, justo eu. Queria descer mais alguns andares além do térreo para ver até onde aquilo ia dar e continuar a fingir que não via. Sai com pressa de lugar algum, de um teto, de um pouco de asma, ela encheu meu pulmão de ar. Foi tão rápido que eu não percebi que era pra mim, dês de o começo. Eu espero.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Só me escuta
Sabe como ela chegou, respeitáveis leitores?! Ela não chegou, ela só esteve lá no canto dela. Só escuta. Eu sei que vai parecer loucura, mas juro que eu não queria. Que loucura o que, é claro que eu queria, queria e pronto, quero, não decidi e não controlo. Se tem uma coisa que detesto são meias palavras. Se for pra meter os pés pelas mãos que seja com todas as palavras a que tenho direito. Agora só o que falta é você me achar desnorteada, inconstante, descomedido. Então pegue a senha se for começar. Deixa eu tentar não andar sempre dois passos depois de mim, e quatro depois de quem interessa. Não senta não, fica ai, quero parecer menor, não quero correr o risco de desmoronar. Além do mais, acho que vou ficar sentada aqui mesmo nessa grama verde. Não tem erro, pode crer. É seguro e é verde. Parece meio irônico, ser justo verde, a cor da esperança. Só dois goles e pode esperar que vou temer derramar a mais inútil emoção pelo meu rosto, do canto do olho à aquele canto que se esconde no canto do meu pescoço, e logo em seguida tremer as cordas vocais tanto que nem eu me entenda. Espera, não me abrace agora. Sei que é exagero, por isso não espere nada menos que um exagero constrangedor vindo de mim. Suas surpresas me inquietam, penso em todas, de todas as formas possíveis e você pode simplesmente não estar presente quando eu falar. Não ousei tentar pensar no que dizer no caminho, ensaiar ou decorar. Não ousei fingir que você estava do outro lado do espelho. Não seria justo comigo nem com você, não poder deixar o meu coração falar da sua forma mais inédita e original possível. Fica comigo! Você não entende. Você é o meu pior pesadelo em forma de ironia da vida. Você vai entender tudo, me escuta. Só senta, só fica segura, seja somente você, a porcelana, tão fotografia de fim de tarde, sempre se emoldurando, tão flores e chá na varanda, tão mulher, que uma só já te basta, você. Senta aqui, esquece o que te disseram. Só levanta depois que alinharmos nossas épocas. Não sei de qual você veio. Mas relaxa, esquece que eu to agindo como uma louca, faz de conta que não faço idéia de onde é a sua praia, esquece todas as praias e bandeiras, mergulha e faz essa tarde valer à pena, nem que seja só por essa tarde.
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