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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tempo da perfeição



Depois de um dia cansativo eu abro a porta do meu quarto e uma rosa vermelha em cima do meu travesseiro me faz achar que você esta no quarto ao lado. Eu corro, eu rodo a casa em passos largos e ansiosos e você não esta em canto nenhum, e não me pergunte o porque, mas eu sei que foi você, tenho certeza. A minha respiração ofegante vai amenizando, silênciando, me lembrando da baita fome que dá depois do trabalho no finalzinho da noite, me lembrando que eu não posso recair e tenho que segurar o choro. "Melhor assim". Então, respiro aliviada. Entro novamente no quarto e o teu notebook esta em cima da minha cama e me faz achar que você esteve por aqui, não sei qual hora, não sei o que eu fazia no momento, não sei porque. A toalha que você esqueceu pra me lembrar que você é parte de mim, de repente esta molhada, me relembrando que o vermezinho que se alimenta do nosso amor foi a parte que me coube da partilha. Eu te mando embora e você vai, e sai resmungando e me culpando de todas as desgraças do mundo, sendo que minha única e verdadeira culpa é não saber te amar. É não esquecer que não da certo. É não saber me controlar. É repetir os passos insanos e afundar o pé. É não saber se te beijo ou não, enquanto você me dá banho como se fosse uma espécie de redenção a todos os banhos com gelo, com sal e com aquele climão pra te tirar da embriaguez. Deixa a minha caixa de mensagens respirar. Eu sou apenas a lata do lixo e o vermezinho roedor não te faz companhia, não esta ao teu lado entre a respiração cansada e o travesseiro cheiroso. Vai, vai logo, mas deixa a flor dentro do copo pra eu olhar e lembrar que você existe. Que não há só vulgaridade nesse mundo. Que ainda existem mulheres de caráter. Ainda existem mulheres de coração puro e honesto, caso um dia eu queira sair de novo na rua. Quem sabe um dia nos encontremos naquele tão aguardado e falado tempo da perfeição. Perdoa os buracos que faço e refaço na tua cicatriz. E que o amor cuide de nós... por onde formos.

sábado, 20 de novembro de 2010

Sem neurose por favor


Me sinto feliz por não ser uma daquelas mulheres neuróticas que ficam do lado do telefone e que imaginam o celular vibrar de 5 em 5 minutos e olham só pra conferir. Que não esperam um pedido de casamento no segundo encontro. Que não se imaginam não conseguindo mais viver sem a pessoa no terceiro encontro. Mas queria tanto te ver agora. Queria que você estivesse mais perto ,tão perto que eu não me encontrasse. Queria te desvendar num bom vinho a meia luz embaixo da lua. Queria esbarrar meu pé no teu essa noite, mas acho que só vou esbarrar nas minhas mãos amarradas.Vou ver aquela tua desordem engraçada e rir sem sentir o ventinho do teu sorriso no canto direito da minha nuca ao me acompanhar. Sentar em um café e ver como o teu rosto tem uma nuance bonito quando o sol pega ele nesse ângulo assim meio pro lado. Seu sorrisinho charmoso fechando a boca pro lado e sorrindo com o nariz. Os músculos do teu rosto inteiro se movem proporcionalmente, e a tua testa franze acompanhada de um olhar pedindo carinho, que desarma qualquer outro compromisso. E eu quero congelar na minha melhor fotografia e ter pra sempre um pedido teu no móvel ao lado da minha cama. Quero os teus enganos, e não vou cansar de querer até eles serem todos meus. Quero rir do teu jeito de falar infantíl pra me mostrar o quanto é singelo a sensação da nossa presença. Sentir teu olhar falando sozinho, todo particular, sem nenhum medo do meu não estar participando da conversa, pois não faz diferença, não é o teu ego, é teu coração, eu sei, eu vejo. É como aquela vez, olhando você cair desastrada do canto da cama e rir achando que nada no mundo pode competir com aquilo, nenhuma luz de velas, nenhum pôr do sol na praia, nenhuma palavra, grito, risada ou sussurro. Olhar as primeiras letras do meu nome cravadas nas tuas costas, num adeus desesperado, rasurado. Me ver indo embora e as minhas iníciais ficando pra sempre na tua pele e mergulhar nelas toda vez que lembrar de você indo e o telefone não tocando, e eu não olhando, não esperando, não vendo nossa casa, carro, filhos, piquenique de domingo, zoológico,criança lambuzada de sorvete, alguém surtando, cobertor quentinho com vários pezinhos pequenos roçando nos nossos. Tudo isso que sempre sonhamos,falamos, preso em 2 inícias tatuadas em uma costela, em um tornozelo, em uma alma. Poise, me sinto feliz por não ser neurótica, por esperar tudo explodir por dentro, calada, anestesiada. Bem-vindo amanhecer. Seja você bem viva, enquanto eu existir, seja onde for.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Enlouquecendo mais do que deveria


A solidão chega e eu tento me acomodar melhor no sofá. Me cubro dos pés a cabeça na esperança que a minha capa invisível me proteja de mim mesma, de você, do mundo, dos telefonemas, das atualizações na internet, das tuas fotos. Eu quero você pra mim, mas preciso de espaço pra não depender só do teu amor, quero tuas frases e gestos românticos, mas morro de medo de te ligar, porque não vou saber o que fazer se não ouvir depois que já quero tanto. Mas se eu ouvir de fato, vou ter ganho você e querer bater a cabeça na parede, porque vou te amar desesperadamente e vai doer pra caramba. A porra do medo do futuro vai doer no meu corpo inteiro. Vou beijar o travesseiro enquanto você não chega, e vou querer me ter de volta porque descubro que já estou completamente sua e não quero ser sua, porque significará que não sou mais minha, e eu sou o meu único porto realmente seguro. Eu não vou saber o que você pretende ao me amar, e nem sei se eu vou te amar pra sempre, e caso eu não te ame pra sempre, perdi um tempo filho da mãe beijando paredes com saudades de alguém que não era nem o amor da minha vida. Afinal como eu vou saber que você não vai mudar, me decepcionar. E como eu vou saber se é isso sem me deixar completamente vulnerável pra me estrepar inteira e ser esmagada por um trator de sentimentos. Se essa capa funcionar você não vai me encontrar, nem meus CDs escondidos da Bethânia, que eu me recuso a ouvir agora só pra não pensar melhor em você a cada palavra “malditamente” enfeitiçada que vai me fazer te querer mais e ter mais medo de não te ter. Eu que não queria ficar ocioso, falhar, nem chorar, de repente me vejo acordando cedo pra tomar café. Ainda acho acordar cedo uma merda. Mas quero ter mais tempo pra pensar em você e não quero desperdiçar um minuto dos meus sorrisos insistentes, nem minha asfixia de músicas imoralmente melosas que a um tempinho atrás passavam despercebidas por mim. Ainda acho que romantizar um “me passa o sal”, ou um “oi, como você está?” ou mesmo uma ligação inesperada, é desnecessário demais, mas de repente aqui estou eu deitada no sofá embrulhada na minha capa protetora do mundo certinho, da grama sempre mais verde do vizinho, do vento que não desregula, do pai que se agacha pra abraçar o filho na entrada de casa, do carro novo do seu amigo, dos novos cortes de cabelo da moda, daquele cheiro bom de quem acabou de sair do banho, ouvindo Norah Jones, tentando ser o meu próprio mundo dentro de você. O tempo gasto fingindo que os CDs melosos não estavam ali, e que se estavam por alguma razão eu era mais forte que qualquer sentimento incontrolável, pra que? Parece mesmo que não tem como fugir, você tenta mais só o que pode fazer é ouvir as porras das músicas melosas. Eu mato o filho da puta que ganha dinheiro incentivando o suicídio emocional alheio. Ainda to deitada no sofá, ainda sorrio bobo, ainda entro em um transe oriental com as benditas, ainda romantizo coisas aparentemente sem sentido. Faço planos e espero, espero levar um tombo e cair de cara na sarjeta, ou então que você me tire debaixo da minha capa e me traga de volta ao mundo suicida, totalmente admissível quando é ao seu lado, e me sirva um chocolate quentinho na varanda fria no clarear da manhã enquanto planeja me amar para sempre.