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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

.Oswaldo Montenegro

. Oswaldo Montenegro... http://www.youtube.com/watch?v=yJ0dii2ilf4&list=RD0238PTGnf85SI .../Ele sempre sabe o que dizer... http://www.youtube.com/watch?v=xZQ_aZcpdY4&list=RD0238PTGnf85SI ..."Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo, deixa a minha insanidade, é tudo o que me resta, deixa a dor que eu lhe causei agora, é toda minha."... http://www.youtube.com/watch?v=5ASQp51WW88&list=RD0238PTGnf85SI ...."Onde quer que vá, vá pra ser estrela."

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Apenas serei grata

Antes eu pensava que amor era uma coisa tão simples, que eu chegaria de novo em uma praça e seria apresentada a uma pessoa, passaria a noite inteira olhando, admirando, sentada na mesa do bar, a beijaria e a amaria com todas as minhas forças de ali por diante, de uma forma que eu nunca imaginei sentir e descobriria a grandiosidade que é amar, acontecendo de modo tão natural e lindo que pareceria fácil. Sim, agora eu sei, isso acontece, mas não sabia eu que aquilo era como os raios, que não caem sempre no mesmo lugar. Não viria de novo tão facilmente, tão magicamente. Não sabia eu que um diamante não se acha sempre, e nem em qualquer lugar. Mas qualquer paixãozinha, eu já acreditava que se tornaria aquilo de novo, que se tornaria amor e então eu já mergulhava de cabeça, mas não foi de uma forma agradável que eu descobri que amor é coisa rara demais, não vai pra qualquer um e não vem de qualquer um, por mais que queiramos, por mais que nos esforcemos, esse danado desse amor ainda não nos deu a brecha de entender realmente o que o faz chegar, o que o faz acontecer. E todos nós quebramos tanto a cabeça tentando descobrir, a cada dor, a cada erro, erros dignos de nossa condição humana, imperfeita e inexperiente, a cada suspiro de esperança, a cada frustração de não ser-lo, qual é o seu segredo? o que faz rodar essa engrenagem? que em momentos da vida nos parece que vai enferrujar pra sempre. Já desisti de tentar entender, eu agora apenas serei grata a Deus quando um dia me acontecer de novo, porque agora eu vejo a raridade da graça que esse presente significa, é quase como os milagres. Acho que por isso os idosos cuidam tanto dos seus amores, porque sabem eles que estão diante de um presente muito raro de Deus e que não devem perdê-lo, deixa-lo morrer, deixa-lo escapar por falta de entrega, de concessão, de atenção, de carinho, nem deixar se tornar dor, apenas cuidar com a responsabilidade com a qual se cuida de um filho, como se você fosse responsável por uma vida, porque afinal você é, nesse caso, de duas vidas. É apego, mas nunca sufoco. Eu acho que tenho uma única vantagem diante dessa busca, por já ter sido abençoada um vez, por já o ter sentido uma vez, o conheça, o amor, sei como é, conheço bem a sua cara, cada sensação que dá, cada toque que arrepia, cada palavra que alegra, cada medo de errar, cada distância que entristece de saudade,mesmo ao telefone, que fortalece, cada gosto, um cheiro que acalma. E então creio que agora saberei reconhecê-lo quando um dia esse sentimento bater na minha porta novamente. Mas só com o tempo você vai descobrindo que amar não significa ter que viver 'PRA' aquela pessoa, deixando tudo em segundo plano e desistindo do resto, mas sim que você tem aquela pessoa junto com você pra lutar ao seu lado por todo o resto , e esse é o melhor de tudo, é não ter que sair do lado dela pra isso. É saber fazer mais por você mesma, Porque entende que pra ser realmente bom pra alguém que merece de ti o teu melhor, você tem que se sentir realizado com você mesmo, porque sua realização é a realização e felicidade do outro também e vice-versa. E quando os planos forem diferentes e tudo parecer impossível de conciliar, você descobrir uma outra expressão que é a melhor ajudante do amor, chamada 'concessão mútua', que te dá a chance de poder viver ao lado de quem ama, é fazer algum sacrifício por ela e saber que ela também fez por você. E um dos últimos concretizadores de uma bem cuidada historia de amor é quando você entende que sim, vocÊ sobrevive sem ela , mesmo que seja aquela com quem você quer criar filhos, com quem você se sente capaz de mover o mundo, aquela com quem você percebe que tudo o que você quer e busca na vida, ganha um sentido muito maior com ela do lado. É saber que pode ir e que consegue sozinho, mas escolher ficar porque você quer que ela participe de tudo, porque você quer olhar pro lado e saber que ela vai estar lá, na primeira fila, na madrugada, no pesadelo, na janela, no sofá ao lado do abajur em frente a tv, abraçada, no almoço de domingo, nos passeios de fim de tarde, simplesmente por te amor, ela vai estar. É querer ter ela do lado nas suas viagens pelo mundo pra literalmente poder dar o mundo a ela, e ver que vocês podem fazer tudo juntas, porque o amor sempre dá um jeito de conciliar os planos, por mais diferentes que eles sejam, mas isso a gente só aprende vivendo. São velas em cima da mesa, é um jantar caprichado no meio da semana, é uma frase no espelho do banheiro pela manhã, é um presente fora do orçamento, só porque você sabia que ela queria muito, é um carinho meio dormindo meio acordada, isso tudo é o amor, é essa paz, é esse calor, é essa calma, é esse vulcão. E como eu disse enfim, quando se sente isso uma vez, não se esquece nunca mais como é, e no dia em que acontecer de novo, o amor, vou poder recebê-lo não mais como uma criança metendo os pés pelas mãos,uma amadora. Mas sim compreende-lo da forma que vier, com mancadas, tropeços, saber que não será perfeito, por mais que seja amor, e é exatamente por ser amor, que mesmo com os erros, mesmo com os defeitos, mesmo com as mancadas,se ama, se perdoa, sem orgulho e não é falta de amor próprio, é exatamente muito amor próprio perdoar quem você ama de verdade, como as mães fazem. Amor não é não ter defeitos, mas sim amar com defeitos e tudo, e é amar o suficiente para saber lidar com cada um deles, quanto mais se ama, mas se entende, mais se perdoa, porque se não fosse assim não seria amor, seria um bichinho de estimação que não erra, não magoa. Sei que erraram comigo de novo e que eu errarei. Só que o segredo é errar por estar tentando acertar, tentando consertar, a gente mesmo, por amor, porque assim não terá erro que não se perdoe.Nunca é tarde pra o amor. Eu percebi que magoar e ser magoado é inevitável, a menos que nos tornemos perfeitos, errar é da raça humana, mas é claro que erramos menos com o passar das experiências e entendemos mais os erros dos outros.Cuidando com tudo o que houver de bom em você. Não poupe entregar o seu melhor, afinal a vida se encarrega de trazer tanto sofrimento, mas quando traz amor, então, depende de nos e somente de nós. Como disse o poeta, ‘cuide bem do seu amor’, pois perdê-lo é uma das piores dores da condição humana. Eu garanto.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A madrugada e a sacada.

. (Foto autor desconhecido)
. Eu meio que saio de mim e analiso a cena de fora. Essa sou eu, cabelos de um vermelho tímido, algumas tatuagens notórias, escutando Peggy Lee e acendendo um cigarro que a muito não acendia, na varanda de uma noite fria da cidade de Buenos Aires. Agora diz isso para os meus 15 anos. Tatuagens? Cabelos vermelhos? Cigarro? Buenos Aires? Quem é Peggy Lee? É, acho que eu gosto, menos do cigarro e do cabelo vermelho, mesmo que tímido. Eu estou me vendo escapar pelos dedos faz alguns meses, mas acabo de ter a constatação, tô ficando pratica e lógica demais, começou a acontecer sorrateiramente, foi sutíl, hoje caiu a ficha, nessa sacada, me vi da varanda, que aperto preocupado eu senti no peito. Eu vejo pessoas saindo de uma bienal, me agrada a forma que estão vestidas, se parece com a música que estou ouvindo, e de repente corro pra pegar um papel e um lápis, e volto, sento no banquinho do canto e de repente voltei a escrever. Eu olho uma luz acessa em uma janela do prédio em frente à uma altura que não me permite conhecer todo o interior da sala, mas a luz é bonita, luz de abajur, um quadro em preto e branco denuncía um estilo literal, acho bonito, mas me parece a casa de um morador solitário, uma sala eu imagino sem muitos móveis, provavelmente alguns livros em uma estante e uma decoração peculiar. Um computador perto da sacada, e um homem aparenta consertar uma câmera fotográfica ao lado do abajur em cima da escrivaninha, pela distância não vejo muito bem, mas tem barba, é magro e parece calmo e concentrado, também fiquei. Eu olho para baixo, eu grito por mim na esperança de não ter ido tão longe. Eu peguei um atalho peculiar, típico, talvez previsível, mas não pra mim, não sei mais. Uma família de chineses saem de dentro do restaurante ao lado do prédio do qual a família é dona e começa então uma discussão engraçada, algumas tentativas de agressão física de ambas as partes, parece uma briga de negócios, impossível identificar, os gestos são tão esquisitos quanto a língua, todos pararam pra ver, algumas pessoas da bienal riem, eu rio. Um carro da polícia também para no local, eles conversam um pouco com os policias e todos entram de novo no restaurante. Eu olho ao meu redor, vejo esses prédios de uma arquitetura da metade do século dezenove, pessoas diferentes andando na calçada, ônibus diferentes trafegando e conversas em uma outra língua acontecendo dentro de táxis que passam naquela avenida cheia de luzes, embaixo da minha sacada. E eu meus senhores, eu estou apática, mas havia colocado um blues no fone de ouvido e percebi que eu estava esquecendo da beleza que via nas coisas. Eu não estava admirando como deveria, como normalmente faria, e eu tava me fazendo falta, e ai eu ouço música, eu olho ao meu redor e começo a escrever, eu contemplo o cotidiano de um estranho, eu vejo arte em uma cena comum, eu vejo graça em uma cena incomum, eu vejo uma cena digna de um filme do Almodôvar na sacada ao lado. Já a alguns meses não me permitia nada mais que a apatia e então um simples momento na sacada me enche de sensações, de lembranças de quem eu sou, e de como eu vejo a vida, e de repente eu não sou mais tão prática e esportista, eu sou lírica e poética, sim, esse sou eu, e eu sorrio de leve pra mim mesma enquanto abaixo a cabeça. Acho que ouvi um ruído na porta, graças a Deus, sou eu, voltei a tempo de tomar as rédeas da minha vida e de dar 'buenas noches' para a senhora do apartamento ao lado em pé na sua varanda com as luzes apagadas e rodeada de vasos de planta que ela rega todas as madrugadas vestida em sua camisola super estampada e seus cabelos despenteados sem nunca precisar de luz. É, ela é engraçada, mas me parece feliz. Boa Noite. (Recomendação da autora, ler ouvindo 'Stormy Weather - Peggy Lee'.)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Buenos Aires e o meu sangue latino

No que eu estou pensando? Há!!! Eu sou só nostalgia meus queridos. Eu que já morei em vários estados brasileiros, totalmente acostumada com mudanças, de repente me pego chorando no aeroporto de Porto Alegre. A sensação de que um pedaço de mim ficou naquela cidade, naquele país, naquelas pessoas. De algum modo aquela vida me pertencia muito. Aquele lugar me reinventou, me apresentou a mim mesma. Me senti uma noiva, sendo a primeira a sair da festa, de fininho. Ai! Como sentirei saudades dos brechós de Buenos Aires. As velhinhas fofas puxando conversa nas paradas de ônibus. Todo aquele sentimento de revolução e ativismo porteño em ruas e praças, com suas rotineiras faixas de protestos e ganas de justiça, de igualdade, de liberdade , que me inspiravam e me enchiam de orgulho de estar ali. O Che que existe em cada um de nós ainda esta muito vivo dentro deles. O que falar dos fins de tarde nos cafés mais charmosos que há na América Latina. Os picnics nos bosques de Palermo. O colorido de Caminito. Os sebos onde encontrei raridades musicais e literárias, onde encontrei também muito Tom Jobim, muito Vinicius e Gal e me encantei com a admiração que eles tem pelo nosso país. Saudade do meu amigo mais simpático, o senhor da lojinha de vinil da rua de traz, sempre me oferecia um mate quente e suas historias divertidíssimas sobre a Buenos Aires dos anos 50, a primeira vez que aceitei o mate e as historias, sai de lá pensando como a vida é linda. E a feirinha de San Telmo então? Há! A feirinha de San Telmo aos domingos, o tango com os velhinhos simpáticos sempre dispostos a me ensinar, mesmo tendo seus pés pisoteados pelo meu sangue brasileiro/sambista. Mais com tudo isso, nada supera a força das amizades, sentirei falta principalmente da família linda que eu construi por lá. Cada segundo e cada momento vieram comigo na bagagem. Aprendi muito com cada um, presentinhos lindos que Deus foi me dando gradativamente ao longo do meu percurso por Baires e que são agora uma parte muito bonita da minha historia. Sou grata a Deus por essa experiência e que mais aventuras lindas como esta venham em
minha vida.

domingo, 6 de maio de 2012

Uma dessas manhãs

Buenos Aires amanheceu devagar, preguiçosa. Manhã fria, chão gelado. Me arrasto pelo apartamento, sento enrolada em uma coberta na frente do computador com uma cuia de chá mate saindo fumaça na mão esquerda, ouvindo Peggy Lee em um fone que propositalmente cobre toda a minha orelha e de repente nos meus perdidos literários que sempre xereto um pouco em dias frios sem muito o que fazer, eu leio, “È uma perfeição absoluta, dir-se-ia divina, sabermos disfrutar lealmente do nosso ser.” Gracias Montaigne, por poetizar esse momento sem muita disposição para ser mais que uma manhã qualquer.