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domingo, 24 de julho de 2011

Essa é a hora em que escrevo.



Eu levo a sério a dor, a carne, o amor, e me incomodo, porque eu acredito nas coisas que fluem, que se deixam acontecer e quando não acontece, não flui, eu tenho os velhos desejos infantis. Eu sei que tudo é tão real hoje, mas as vezes finjo que é fácil, que posso brincar um pouco com a vida entende. Gosto das minhas convicções, minhas certezas, mas também gosto de aprender, aprender com o que lateja, o que prende a garganta, sufoca o estômago, com o amor, com o nada, com o silêncio que tortura, a vontade de se sujeitar, de querer quase odiar e ao mesmo tempo cuidar, de beber em lugares sujos ouvindo musicas sujas, ou aquelas belas musicas que só os sujos ouvem, e esquecer que o celular pode tocar, esquecer que ele não vai tocar, ver a vida te segurar pelo braço, com uma força grosseira, deixando a marca dos dedos, em meio a uma sujeira indefinida, uma razão indefinida, uma vontade indefinida, de ligar, de mudar de cidade, de país, de comprar pão na esquina pra mudar um pouco a rotina claustrofóbica. Sobe um cheiro de leite no ar...e ele tá azedo,ele passou do ponto, ninguém viu, eu não vi, e eu choro o leite derramado. Sobe a vontade de jogar a casa os moveis, o amor pelos ares, de ser tudo e sentir tudo de uma vez, o caos e as estrelas, essa madrugada que me inspira sempre, me liberta. Foi numa dessas madrugadas que descobri que eu posso me ouvir, me calar, é quando não sinto preguiça nem medo de conversar comigo mesma, fico mais a vontade com a minha presença. Enquanto a cidade faz silêncio, meu peito agora se levanta e me da um banho de realidade, de superioridade, de egoísmo, de humildade, de culpa, de descaso. E o cigarro disfarça o tédio, a raiva por não controlar tudo em mim, o nervosismo, a espera, o olhar perdido, uma nova chance a mim mesma, uma pausa pra decidir, fugir ou estufar o peito. Talvez agora eu esteja melhor com tudo isso ou talvez eu esteja mais frágil, e isso não quer dizer que não esteja melhor, nem todos tem coragem para a fragilidade, mais eu sei que não serei sugada ou corrompida por ela...eu deixo ela vir, pois eu sei até onde ela pode ir. Alguns porres, alguns dias de puta, outros de pena, outros de santa, outros de merda, me ensinaram sobre os meus limites. Eu me sinto mais gente agora. Eu escrevo sem parar, tudo sai muito rápido e eu tento acompanhar com meus dedos desacostumados no teclado. Paro, tomo um café, acendo outro cigarro. Meu peito fica leve então entendo, se eu não posso amar, ao menos então eu ainda posso escrever, e um pouco melhor. Ufa.

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