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terça-feira, 7 de maio de 2013

Auto resgate

É difícil se resgatar depois de um grande amor, voltar de onde ele te levou, você nem sabe onde esta porque você estava de olhos fechados no caminho, por mais que intensamente vivos como jamais esteve, ainda que abertos para o ser amado, você ia...e ia...e ia...Sem saber pra onde e sem deixar migalhas de pão no chão pra encontrar o caminho de volta. E você fica lá, do ponto final tentando se reiniciar, andando em espiral, voltando aos mesmos pontos, os insights martelam sempre no canto direito do olhar, como se nunca mais fossem sair da sua cabeça, nunca, palavras, lugares, ações, filmes, paredes...do quarto, do banheiro, do corredor...Esquinas, bares, ruas, madrugadas, corredores, rodoviárias.É tanta coisa. São moradores indesejavelmente permanentes do seu filme particular, que sempre roda quando você menos espera dentro da sua mente desobediente. Você disfarça e só você sabe o que está acontecendo ali dentro naquele momento. Burra. Mas como, como o outro reencontrou o caminho da sua própria vida e você ainda esta ali, fingindo, perdida, sem bússola, sem orientação. Ele deixava os pães enquanto andava, o safado, só pode, só deve, não devia, foi injusto. Tudo fica tão nublado com o passar do tempo, e em determinados momentos você simplesmente entende, entende que é uma guerra perdida contra você mesma. Tem uma areia movediça abaixo dos seus pés e você precisa pelo amor de Deus parar de se retorcer, porque suas pernas já estão submersas ate a coxa e suas forças esgotadas. Quase esqueço até que fui eu a mandar o amor embora, tantos motivos e nenhum motivo, quase esqueci, não dá pra fugir, injusta eu fui, mas com quem, comigo? Com ele? Até hoje não sei e nem pergunte pra ele, o ser amado, ele já não sabe de mais nada, deixa ele quieto, deixa ele lá. Ninguém sabe onde eu estou, por isso ninguém vem me resgatar, é difícil se resgatar depois de um grande amor, qualquer coisa precisa ser maior, caso contrario você continuará ali, submergida, perdendo aos poucos toda a vitalidade, força e brilho no olhar de continuar tentando, acreditando que vai sair, quando você menos esperar algo maior surgirá. É a vitoria do amor abandonado, saber que o outro ainda está lá. Mas eu encontro a saída, um dia eu encontro. Ah! E você jura que dessa vez deu certo, a sim, dessa vez, dessa vez deu._____________ () [Musica que embalou a construção do texto => Vide tradução 'se desejar':( http://www.youtube.com/watch?v=Xz-UvQYAmbg ).]

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

.Oswaldo Montenegro

. Oswaldo Montenegro... http://www.youtube.com/watch?v=yJ0dii2ilf4&list=RD0238PTGnf85SI .../Ele sempre sabe o que dizer... http://www.youtube.com/watch?v=xZQ_aZcpdY4&list=RD0238PTGnf85SI ..."Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo, deixa a minha insanidade, é tudo o que me resta, deixa a dor que eu lhe causei agora, é toda minha."... http://www.youtube.com/watch?v=5ASQp51WW88&list=RD0238PTGnf85SI ...."Onde quer que vá, vá pra ser estrela."

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Apenas serei grata

Antes eu pensava que amor era uma coisa tão simples, que eu chegaria de novo em uma praça e seria apresentada a uma pessoa, passaria a noite inteira olhando, admirando, sentada na mesa do bar, a beijaria e a amaria com todas as minhas forças de ali por diante, de uma forma que eu nunca imaginei sentir e descobriria a grandiosidade que é amar, acontecendo de modo tão natural e lindo que pareceria fácil. Sim, agora eu sei, isso acontece, mas não sabia eu que aquilo era como os raios, que não caem sempre no mesmo lugar. Não viria de novo tão facilmente, tão magicamente. Não sabia eu que um diamante não se acha sempre, e nem em qualquer lugar. Mas qualquer paixãozinha, eu já acreditava que se tornaria aquilo de novo, que se tornaria amor e então eu já mergulhava de cabeça, mas não foi de uma forma agradável que eu descobri que amor é coisa rara demais, não vai pra qualquer um e não vem de qualquer um, por mais que queiramos, por mais que nos esforcemos, esse danado desse amor ainda não nos deu a brecha de entender realmente o que o faz chegar, o que o faz acontecer. E todos nós quebramos tanto a cabeça tentando descobrir, a cada dor, a cada erro, erros dignos de nossa condição humana, imperfeita e inexperiente, a cada suspiro de esperança, a cada frustração de não ser-lo, qual é o seu segredo? o que faz rodar essa engrenagem? que em momentos da vida nos parece que vai enferrujar pra sempre. Já desisti de tentar entender, eu agora apenas serei grata a Deus quando um dia me acontecer de novo, porque agora eu vejo a raridade da graça que esse presente significa, é quase como os milagres. Acho que por isso os idosos cuidam tanto dos seus amores, porque sabem eles que estão diante de um presente muito raro de Deus e que não devem perdê-lo, deixa-lo morrer, deixa-lo escapar por falta de entrega, de concessão, de atenção, de carinho, nem deixar se tornar dor, apenas cuidar com a responsabilidade com a qual se cuida de um filho, como se você fosse responsável por uma vida, porque afinal você é, nesse caso, de duas vidas. É apego, mas nunca sufoco. Eu acho que tenho uma única vantagem diante dessa busca, por já ter sido abençoada um vez, por já o ter sentido uma vez, o conheça, o amor, sei como é, conheço bem a sua cara, cada sensação que dá, cada toque que arrepia, cada palavra que alegra, cada medo de errar, cada distância que entristece de saudade,mesmo ao telefone, que fortalece, cada gosto, um cheiro que acalma. E então creio que agora saberei reconhecê-lo quando um dia esse sentimento bater na minha porta novamente. Mas só com o tempo você vai descobrindo que amar não significa ter que viver 'PRA' aquela pessoa, deixando tudo em segundo plano e desistindo do resto, mas sim que você tem aquela pessoa junto com você pra lutar ao seu lado por todo o resto , e esse é o melhor de tudo, é não ter que sair do lado dela pra isso. É saber fazer mais por você mesma, Porque entende que pra ser realmente bom pra alguém que merece de ti o teu melhor, você tem que se sentir realizado com você mesmo, porque sua realização é a realização e felicidade do outro também e vice-versa. E quando os planos forem diferentes e tudo parecer impossível de conciliar, você descobrir uma outra expressão que é a melhor ajudante do amor, chamada 'concessão mútua', que te dá a chance de poder viver ao lado de quem ama, é fazer algum sacrifício por ela e saber que ela também fez por você. E um dos últimos concretizadores de uma bem cuidada historia de amor é quando você entende que sim, vocÊ sobrevive sem ela , mesmo que seja aquela com quem você quer criar filhos, com quem você se sente capaz de mover o mundo, aquela com quem você percebe que tudo o que você quer e busca na vida, ganha um sentido muito maior com ela do lado. É saber que pode ir e que consegue sozinho, mas escolher ficar porque você quer que ela participe de tudo, porque você quer olhar pro lado e saber que ela vai estar lá, na primeira fila, na madrugada, no pesadelo, na janela, no sofá ao lado do abajur em frente a tv, abraçada, no almoço de domingo, nos passeios de fim de tarde, simplesmente por te amor, ela vai estar. É querer ter ela do lado nas suas viagens pelo mundo pra literalmente poder dar o mundo a ela, e ver que vocês podem fazer tudo juntas, porque o amor sempre dá um jeito de conciliar os planos, por mais diferentes que eles sejam, mas isso a gente só aprende vivendo. São velas em cima da mesa, é um jantar caprichado no meio da semana, é uma frase no espelho do banheiro pela manhã, é um presente fora do orçamento, só porque você sabia que ela queria muito, é um carinho meio dormindo meio acordada, isso tudo é o amor, é essa paz, é esse calor, é essa calma, é esse vulcão. E como eu disse enfim, quando se sente isso uma vez, não se esquece nunca mais como é, e no dia em que acontecer de novo, o amor, vou poder recebê-lo não mais como uma criança metendo os pés pelas mãos,uma amadora. Mas sim compreende-lo da forma que vier, com mancadas, tropeços, saber que não será perfeito, por mais que seja amor, e é exatamente por ser amor, que mesmo com os erros, mesmo com os defeitos, mesmo com as mancadas,se ama, se perdoa, sem orgulho e não é falta de amor próprio, é exatamente muito amor próprio perdoar quem você ama de verdade, como as mães fazem. Amor não é não ter defeitos, mas sim amar com defeitos e tudo, e é amar o suficiente para saber lidar com cada um deles, quanto mais se ama, mas se entende, mais se perdoa, porque se não fosse assim não seria amor, seria um bichinho de estimação que não erra, não magoa. Sei que erraram comigo de novo e que eu errarei. Só que o segredo é errar por estar tentando acertar, tentando consertar, a gente mesmo, por amor, porque assim não terá erro que não se perdoe.Nunca é tarde pra o amor. Eu percebi que magoar e ser magoado é inevitável, a menos que nos tornemos perfeitos, errar é da raça humana, mas é claro que erramos menos com o passar das experiências e entendemos mais os erros dos outros.Cuidando com tudo o que houver de bom em você. Não poupe entregar o seu melhor, afinal a vida se encarrega de trazer tanto sofrimento, mas quando traz amor, então, depende de nos e somente de nós. Como disse o poeta, ‘cuide bem do seu amor’, pois perdê-lo é uma das piores dores da condição humana. Eu garanto.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A madrugada e a sacada.

. (Foto autor desconhecido)
. Eu meio que saio de mim e analiso a cena de fora. Essa sou eu, cabelos de um vermelho tímido, algumas tatuagens notórias, escutando Peggy Lee e acendendo um cigarro que a muito não acendia, na varanda de uma noite fria da cidade de Buenos Aires. Agora diz isso para os meus 15 anos. Tatuagens? Cabelos vermelhos? Cigarro? Buenos Aires? Quem é Peggy Lee? É, acho que eu gosto, menos do cigarro e do cabelo vermelho, mesmo que tímido. Eu estou me vendo escapar pelos dedos faz alguns meses, mas acabo de ter a constatação, tô ficando pratica e lógica demais, começou a acontecer sorrateiramente, foi sutíl, hoje caiu a ficha, nessa sacada, me vi da varanda, que aperto preocupado eu senti no peito. Eu vejo pessoas saindo de uma bienal, me agrada a forma que estão vestidas, se parece com a música que estou ouvindo, e de repente corro pra pegar um papel e um lápis, e volto, sento no banquinho do canto e de repente voltei a escrever. Eu olho uma luz acessa em uma janela do prédio em frente à uma altura que não me permite conhecer todo o interior da sala, mas a luz é bonita, luz de abajur, um quadro em preto e branco denuncía um estilo literal, acho bonito, mas me parece a casa de um morador solitário, uma sala eu imagino sem muitos móveis, provavelmente alguns livros em uma estante e uma decoração peculiar. Um computador perto da sacada, e um homem aparenta consertar uma câmera fotográfica ao lado do abajur em cima da escrivaninha, pela distância não vejo muito bem, mas tem barba, é magro e parece calmo e concentrado, também fiquei. Eu olho para baixo, eu grito por mim na esperança de não ter ido tão longe. Eu peguei um atalho peculiar, típico, talvez previsível, mas não pra mim, não sei mais. Uma família de chineses saem de dentro do restaurante ao lado do prédio do qual a família é dona e começa então uma discussão engraçada, algumas tentativas de agressão física de ambas as partes, parece uma briga de negócios, impossível identificar, os gestos são tão esquisitos quanto a língua, todos pararam pra ver, algumas pessoas da bienal riem, eu rio. Um carro da polícia também para no local, eles conversam um pouco com os policias e todos entram de novo no restaurante. Eu olho ao meu redor, vejo esses prédios de uma arquitetura da metade do século dezenove, pessoas diferentes andando na calçada, ônibus diferentes trafegando e conversas em uma outra língua acontecendo dentro de táxis que passam naquela avenida cheia de luzes, embaixo da minha sacada. E eu meus senhores, eu estou apática, mas havia colocado um blues no fone de ouvido e percebi que eu estava esquecendo da beleza que via nas coisas. Eu não estava admirando como deveria, como normalmente faria, e eu tava me fazendo falta, e ai eu ouço música, eu olho ao meu redor e começo a escrever, eu contemplo o cotidiano de um estranho, eu vejo arte em uma cena comum, eu vejo graça em uma cena incomum, eu vejo uma cena digna de um filme do Almodôvar na sacada ao lado. Já a alguns meses não me permitia nada mais que a apatia e então um simples momento na sacada me enche de sensações, de lembranças de quem eu sou, e de como eu vejo a vida, e de repente eu não sou mais tão prática e esportista, eu sou lírica e poética, sim, esse sou eu, e eu sorrio de leve pra mim mesma enquanto abaixo a cabeça. Acho que ouvi um ruído na porta, graças a Deus, sou eu, voltei a tempo de tomar as rédeas da minha vida e de dar 'buenas noches' para a senhora do apartamento ao lado em pé na sua varanda com as luzes apagadas e rodeada de vasos de planta que ela rega todas as madrugadas vestida em sua camisola super estampada e seus cabelos despenteados sem nunca precisar de luz. É, ela é engraçada, mas me parece feliz. Boa Noite. (Recomendação da autora, ler ouvindo 'Stormy Weather - Peggy Lee'.)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Buenos Aires e o meu sangue latino

No que eu estou pensando? Há!!! Eu sou só nostalgia meus queridos. Eu que já morei em vários estados brasileiros, totalmente acostumada com mudanças, de repente me pego chorando no aeroporto de Porto Alegre. A sensação de que um pedaço de mim ficou naquela cidade, naquele país, naquelas pessoas. De algum modo aquela vida me pertencia muito. Aquele lugar me reinventou, me apresentou a mim mesma. Me senti uma noiva, sendo a primeira a sair da festa, de fininho. Ai! Como sentirei saudades dos brechós de Buenos Aires. As velhinhas fofas puxando conversa nas paradas de ônibus. Todo aquele sentimento de revolução e ativismo porteño em ruas e praças, com suas rotineiras faixas de protestos e ganas de justiça, de igualdade, de liberdade , que me inspiravam e me enchiam de orgulho de estar ali. O Che que existe em cada um de nós ainda esta muito vivo dentro deles. O que falar dos fins de tarde nos cafés mais charmosos que há na América Latina. Os picnics nos bosques de Palermo. O colorido de Caminito. Os sebos onde encontrei raridades musicais e literárias, onde encontrei também muito Tom Jobim, muito Vinicius e Gal e me encantei com a admiração que eles tem pelo nosso país. Saudade do meu amigo mais simpático, o senhor da lojinha de vinil da rua de traz, sempre me oferecia um mate quente e suas historias divertidíssimas sobre a Buenos Aires dos anos 50, a primeira vez que aceitei o mate e as historias, sai de lá pensando como a vida é linda. E a feirinha de San Telmo então? Há! A feirinha de San Telmo aos domingos, o tango com os velhinhos simpáticos sempre dispostos a me ensinar, mesmo tendo seus pés pisoteados pelo meu sangue brasileiro/sambista. Mais com tudo isso, nada supera a força das amizades, sentirei falta principalmente da família linda que eu construi por lá. Cada segundo e cada momento vieram comigo na bagagem. Aprendi muito com cada um, presentinhos lindos que Deus foi me dando gradativamente ao longo do meu percurso por Baires e que são agora uma parte muito bonita da minha historia. Sou grata a Deus por essa experiência e que mais aventuras lindas como esta venham em
minha vida.

domingo, 6 de maio de 2012

Uma dessas manhãs

Buenos Aires amanheceu devagar, preguiçosa. Manhã fria, chão gelado. Me arrasto pelo apartamento, sento enrolada em uma coberta na frente do computador com uma cuia de chá mate saindo fumaça na mão esquerda, ouvindo Peggy Lee em um fone que propositalmente cobre toda a minha orelha e de repente nos meus perdidos literários que sempre xereto um pouco em dias frios sem muito o que fazer, eu leio, “È uma perfeição absoluta, dir-se-ia divina, sabermos disfrutar lealmente do nosso ser.” Gracias Montaigne, por poetizar esse momento sem muita disposição para ser mais que uma manhã qualquer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei.
(Leoni)
Ninguem tem razão, eu muito menos.Eu sei.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Defeitos bem feitos


Eu levo desaforo pra casa e deixo confusão em tudo o que desperta meu interesse. Eu me confundo com o que a vida quer de mim e quando eu quero algo a vida tá em uma outra vibe. O meu tempo eu mesma faço e nada me acompanha a não ser todos os desaforos da vida. Aprendi a responder pro mundo, mais sempre dou as respostas erradas, sempre sinto uma vontade de rir quando não pode, de chorar quando não precisa ou talvez pareço não precisar, de viver pra sempre quando tudo flui, de sumir quando as coisas escapam dos dedos, de ler quando quero ser melhor. Nem sempre quero ser melhor, confesso, as vezes quero somente ser eu, sem luz, sem brilho, sem palco, sem platéia,sem maquiagem e me sentir feia sem culpa, tranqüila com a minha unha por fazer e meu rabo de cavalo desalinhado, vestida naquele short com um furinho no canto direito, apenas sabendo que ser eu mesma sempre terá conseqüências e sempre será um pouco esquisito ou broxante. E eu descido voltar a trabalhar, mesmo que isso torne a faculdade um pouco mais puxada, e acho que mereço também uma sala de estar só minha, bem espiritualizada, com meus filtros dos sonhos, meu ganesha, pôsteres de filmes, um sofá espaçoso, um ar retrô, e claro, uma varanda enorme com algumas plantas e uma rede, que caiba muita gente que assim como eu não entendem de nada mesmo e nunca vão entender, mas não ligam muito, e bebem, amargam, riem e lutam, lutam para não se importar em se encaixar nessa sociedade que é tão seletiva. Eu passo pelo corredor e vejo pessoas dizendo que detestam a área dos fumantes e que não querem ser fumantes passivos porque esses são os que morrem mais rápido, e dizem com um copo de whisky nas mãos e eu prontamente concordo, concordo e passo, enquanto encho o meu fígado de álcool e abro outra carteira, e me sinto morrendo aos poucos com o privilégio de estar a frente daqueles que morrem numa tacada só, por motivos horriveis que é bom nem pensar agora, pois já bastam os jornais locais na hora do almoça. Deus inventou a TV a cabo, eu sei. Sobre você? Há, eu acho que você me leva ao pé da letra demais, e a vida também, e o seu coração também, e de repente tudo fica tão sério que você se assusta, porque tudo acontece muito rápido, eu acho que você já viveu tanta coisa, mas sente a necessidade de descontrair o abdômen e ser indefesa, querer precisar de um colo, e o meu colo é seu, e você me mostra o quanto precisa respirar sem o peso de se matar aos poucos para atingir a perfeição, anulando os seus melhores defeitos, e eu me dou inteiramente a essa sua fragilidade encantadora. Eu amo a vida o suficiente pra não ter medo de morrer. Não sei porque to falando tanto sobre isso hoje,essa palavra as vezes assusta, eu sei. Eu morro sempre, já estou acostumada, mas não falo muito sobre isso. A palavra fênix tatuada na minha nuca não me deixa esquecer que eu sei renascer e que eu preciso de pequenas mortes diárias pra sempre renascer no fim do dia. Como naquele filme do Tarantino, eu já matei sentimentos, loucuras, defeitos, qualidades, já sentei em um restaurante sabendo que não devia matar nada em mim, mas precisei, todos ali precisaram, você precisaria, só pra poder sair de lá sobrevivente a tudo o que a sociedade te exige ser e fazer. Certo, é verdade, é tudo muito rápido e eu levo tudo pro pessoal, inclusive você, você é o que de mais pessoal eu tenho e pretendo matar meus piores defeitos e deixar os melhores, porque meus melhores defeitos talvez sejam a minha melhor parte. As minhas piores qualidades eu deixo na reserva pra último caso, e todo o meu melhor te deixo conhecer, aos poucos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Não precisa entender


Sabe quando você não tá com saco pra ser amiga de ninguém, nem boa vizinha. Não dei bom dia pra você mesmo e não vou dar e estou de boa com isso, aliás, tô até mais leve pra ser sincera. Levar tantas brochadas da vida, das pessoas, sorrir pra quem não te sorri de volta, falar e receber uma resposta atravessada, a vida não é boazinha comigo, então foda-se, não vou sentar nessa sala de espera hoje, hoje tô daquele jeito, sabe aquele jeito quando você não se importa se gostam de você, não ta com humor pra brincadeiras, nem rir de nenhuma piada mais ou menos e está cagando se a pessoa vai se ofender porque você não deu uma risadinha caridosa, como se fosse uma obrigação não ser 100% você. É exatamente assim que estou, mas não posso, é mole? Estética social acima de tudo. Eu posso com isso? Não posso ser egoísta, quem disse? A vida é tão egoísta comigo, então sim, acho que posso me dar ao luxo, dá licença. Hoje estou cansada de amar e quem disse que é regra, porque preciso ter algum sentimento explícito? Quem disse que eu preciso. Ninguém diz pra você o que você deve sentir, você simplesmente chega e sente, coisas boas e ruins, empatias ou não. E de repente é tanto sentimento misturado, tanta gente misturada que cansa, enche o saco, e por vezes parece que com tanta gente, você não vai fazer falta ao redor deles. Mas aqueles poucos e verdadeiros estão alí, porque os verdadeiros são poucos e se você acha que os seus são muitos, há meu bem, é uma pena ser a pessoa a dar essa notícia, mas, alguém ta sendo enganado ai. De qualquer forma são eles que vão me entender, portanto foda-se o resto.Eu posso falar/escrever palavrão aqui? Enfim,a boca/mão é minha, e o meu senso crítico decidiu que a hora e o local são apropriados. E então eu fico melhor sem peso na consciência. É tanto amor que eu nem sei o que é amor de verdade, se ele existe, porque eu acho que existe, mas amor é como arte, quem vai definir o que é e o que não é. Pra alguém o que é amor pode não ser pra outra pessoa, e eu vou amar do jeito que eu quiser e sou eu quem vai dizer se isso é amor ou não. E não ouse me contestar, não queira saber dos meus sentimentos mais do que eu, não queira me ver contrariada, não julgue mais do que você é capaz de sentir. É meu, qual a parte que não deu pra entender que eu posso definir o que é o meu próprio sentimento, dá licença novamente. É muita gente botando o bedelho. Cansa. Só por hoje acordei torta, então não se assuste, vou te botar pra correr, desejando lá no fundo do meu coração, com todas as esperanças sonhadoras e insanas, que você releve, não precisa nem tentar me entender, só espero que decididamente disposta a ser todo esse amor sempre mal interpretado, disposta a me amar sinceramente, você não ligue e fique e então com toda a paciência de quem quer ficar bote pra correr todo esse meu mal humor.

domingo, 24 de julho de 2011

Essa é a hora em que escrevo.



Eu levo a sério a dor, a carne, o amor, e me incomodo, porque eu acredito nas coisas que fluem, que se deixam acontecer e quando não acontece, não flui, eu tenho os velhos desejos infantis. Eu sei que tudo é tão real hoje, mas as vezes finjo que é fácil, que posso brincar um pouco com a vida entende. Gosto das minhas convicções, minhas certezas, mas também gosto de aprender, aprender com o que lateja, o que prende a garganta, sufoca o estômago, com o amor, com o nada, com o silêncio que tortura, a vontade de se sujeitar, de querer quase odiar e ao mesmo tempo cuidar, de beber em lugares sujos ouvindo musicas sujas, ou aquelas belas musicas que só os sujos ouvem, e esquecer que o celular pode tocar, esquecer que ele não vai tocar, ver a vida te segurar pelo braço, com uma força grosseira, deixando a marca dos dedos, em meio a uma sujeira indefinida, uma razão indefinida, uma vontade indefinida, de ligar, de mudar de cidade, de país, de comprar pão na esquina pra mudar um pouco a rotina claustrofóbica. Sobe um cheiro de leite no ar...e ele tá azedo,ele passou do ponto, ninguém viu, eu não vi, e eu choro o leite derramado. Sobe a vontade de jogar a casa os moveis, o amor pelos ares, de ser tudo e sentir tudo de uma vez, o caos e as estrelas, essa madrugada que me inspira sempre, me liberta. Foi numa dessas madrugadas que descobri que eu posso me ouvir, me calar, é quando não sinto preguiça nem medo de conversar comigo mesma, fico mais a vontade com a minha presença. Enquanto a cidade faz silêncio, meu peito agora se levanta e me da um banho de realidade, de superioridade, de egoísmo, de humildade, de culpa, de descaso. E o cigarro disfarça o tédio, a raiva por não controlar tudo em mim, o nervosismo, a espera, o olhar perdido, uma nova chance a mim mesma, uma pausa pra decidir, fugir ou estufar o peito. Talvez agora eu esteja melhor com tudo isso ou talvez eu esteja mais frágil, e isso não quer dizer que não esteja melhor, nem todos tem coragem para a fragilidade, mais eu sei que não serei sugada ou corrompida por ela...eu deixo ela vir, pois eu sei até onde ela pode ir. Alguns porres, alguns dias de puta, outros de pena, outros de santa, outros de merda, me ensinaram sobre os meus limites. Eu me sinto mais gente agora. Eu escrevo sem parar, tudo sai muito rápido e eu tento acompanhar com meus dedos desacostumados no teclado. Paro, tomo um café, acendo outro cigarro. Meu peito fica leve então entendo, se eu não posso amar, ao menos então eu ainda posso escrever, e um pouco melhor. Ufa.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O outro outono


"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente."

Dalai Lama

Não quero assim, não quero ter que provar que posso ou mereço ser amada, eu nem sei se eu mereço, nem sei se eu posso, nem sei se é outono, tão envolvente e tão surpreendente. Mas o que eu quero, eu quero ser amada pela cor dos meus olhos que você enxergou no primeiro dia, quero ser amada pelo cheiro que ficou na pele. Não quero que a minha idade importe,nem o meu sotaque ou meus traumas passados. Não quero participar de uma seleção de 3 ou 4 fases pro cargo de amor de alguém, porque eu acho que amar não é algo cheio de regras, é algo que surge e é essa a sua grande magia, o amor que nasce sem explicação, sem sentido, sem pra que ou porque. Tudo pesa, minhas palavras, as dos outros, os meus pensamentos, a minha respiração tá muito pesada. Eu quis abrir uma janela no meio do teu peito, quis passar por ela, mas eu não abri a janela, eu bati na porta, não sei se foi esse o meu erro, ter ido pela porta errada, eu não sei ser nada menos que eu, e esse buraco que se instalou entre meu pulmão e minha vontade de chorar até secar,secar toda dor,secar todo amor, aumenta e só aumenta, e eu não posso fazer nada a não ser ficar parada enquanto esse sentimento estranho e novo corroi minha alegria, corroi meu estômago, me faz sentir uma dor e uma falta de ar. Existem vários tipos de amor,a dor é uma só, ela só dói,simplesmente, por qualquer motivo e em qualquer circunstância que ela possa aparecer ela faz você sentir um vazio interior e uma dor no estômago. Eu sempre resolvi meus amores sofridos com outros amores, novos, pra fugir da dor antes que eu não tivesse controle sobre ela. Agora eu só quero chorar...chorar sem ver ninguém. Quero sentir toda a dor que eu puder até não ter mais dor pra sentir e então poder seguir em frente. Eu fico forte, eu caminho de cabeça erguida,eu reajo ao desespero, mas quando eu abro a porta do meu quarto e vejo tudo o que é meu e tudo o que me é tão familiar e íntimo...me sinto acolhida,me sinto em casa, livre, livre pra poder desabar, me desarmar do meu escudo protetor completamente, tirar o espartilho, a cara feia, o salto, me jogar na cama e fazer a única coisa que sinto vontade agora, a única coisa que ocupa meus pensamentos, uma imensa e colossal vontade de chorar. Eu preciso chorar, e eu sei que isso tá ficando chato, eu sei que esse texto tá ficando uma droga, então eu só devo estar no caminho certo, porque ele está expressando exatamente como me sinto agora. Não sou uma boa companhia, não agora, nem pra mim,quero sair de perto de mim e não consigo, quero me desencontrar, quero fazer o mundo parar de rodar no meu estõmago,quero parar de tentar entender o que quer que seja, quero fugir da dor por isso não me olho no espelho, não adianta. Depois de tudo, só o meu choro insistente é que me acompanha, me acompanha em tudo o que em mim sobra, eu choro o que sobra do medo, eu choro a dor que usa as sobras de mim pra doer, choro o excesso do amor que ainda enche o espaço que é do ar, transborda e sobra.