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terça-feira, 5 de julho de 2011

O outro outono


"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente."

Dalai Lama

Não quero assim, não quero ter que provar que posso ou mereço ser amada, eu nem sei se eu mereço, nem sei se eu posso, nem sei se é outono, tão envolvente e tão surpreendente. Mas o que eu quero, eu quero ser amada pela cor dos meus olhos que você enxergou no primeiro dia, quero ser amada pelo cheiro que ficou na pele. Não quero que a minha idade importe,nem o meu sotaque ou meus traumas passados. Não quero participar de uma seleção de 3 ou 4 fases pro cargo de amor de alguém, porque eu acho que amar não é algo cheio de regras, é algo que surge e é essa a sua grande magia, o amor que nasce sem explicação, sem sentido, sem pra que ou porque. Tudo pesa, minhas palavras, as dos outros, os meus pensamentos, a minha respiração tá muito pesada. Eu quis abrir uma janela no meio do teu peito, quis passar por ela, mas eu não abri a janela, eu bati na porta, não sei se foi esse o meu erro, ter ido pela porta errada, eu não sei ser nada menos que eu, e esse buraco que se instalou entre meu pulmão e minha vontade de chorar até secar,secar toda dor,secar todo amor, aumenta e só aumenta, e eu não posso fazer nada a não ser ficar parada enquanto esse sentimento estranho e novo corroi minha alegria, corroi meu estômago, me faz sentir uma dor e uma falta de ar. Existem vários tipos de amor,a dor é uma só, ela só dói,simplesmente, por qualquer motivo e em qualquer circunstância que ela possa aparecer ela faz você sentir um vazio interior e uma dor no estômago. Eu sempre resolvi meus amores sofridos com outros amores, novos, pra fugir da dor antes que eu não tivesse controle sobre ela. Agora eu só quero chorar...chorar sem ver ninguém. Quero sentir toda a dor que eu puder até não ter mais dor pra sentir e então poder seguir em frente. Eu fico forte, eu caminho de cabeça erguida,eu reajo ao desespero, mas quando eu abro a porta do meu quarto e vejo tudo o que é meu e tudo o que me é tão familiar e íntimo...me sinto acolhida,me sinto em casa, livre, livre pra poder desabar, me desarmar do meu escudo protetor completamente, tirar o espartilho, a cara feia, o salto, me jogar na cama e fazer a única coisa que sinto vontade agora, a única coisa que ocupa meus pensamentos, uma imensa e colossal vontade de chorar. Eu preciso chorar, e eu sei que isso tá ficando chato, eu sei que esse texto tá ficando uma droga, então eu só devo estar no caminho certo, porque ele está expressando exatamente como me sinto agora. Não sou uma boa companhia, não agora, nem pra mim,quero sair de perto de mim e não consigo, quero me desencontrar, quero fazer o mundo parar de rodar no meu estõmago,quero parar de tentar entender o que quer que seja, quero fugir da dor por isso não me olho no espelho, não adianta. Depois de tudo, só o meu choro insistente é que me acompanha, me acompanha em tudo o que em mim sobra, eu choro o que sobra do medo, eu choro a dor que usa as sobras de mim pra doer, choro o excesso do amor que ainda enche o espaço que é do ar, transborda e sobra.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi tudo bem? Muito bom seu blog principalmente os posts, faz parte da realidade e do dia a dia, mais sempre que vemos ou lemos paramos para pensar, realmente o tempo passa e nada dura para sempre, nem fica jovem por todo tempo.
Por isso a palavra de Deus diz:
-Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade...
Tudo de bom e sucesso com o blog...até mais

Yhalle Andrade disse...

"quando os dias resolvem nos pegar de surpresa com fatos, dolorosos ou não, procuramos nos refugiar de alguma forma... Uns bebem, outros choram... Vc escreve! Eu leio.
E quando achamos que estamos nos sentindo melhor, ai vem a recordação e acaba com esse simples achar, nos obrigando a optar por seguir ou refugiar novamente."
seus textos são show de bola... Cada vez que leio, gosto mais!!

Beijão

=*

Yhalle