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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Do alto do meu mundo colorido


Às vezes parece que todo mundo me abandonou. Como assim? Todos me amavam tanto ontem. Não entendo. Juro que só fui ali fazer um café. Parece até um complô. É um grande, insensível, perverso e desnaturado complô entre pessoas que nem sequer sabem da existência uma das outras. A multidão anda sorrindo, não sei bem do que, não me convidaram, e saem sem olhar pra trás, sem dar nenhuma explicação, como se eu nunca merecesse ou precisasse mesmo. E talvez nunca saiba se isso é bom ou ruim. Bom, meu amigos viraram uma organização secreta,tão secreta que não sei onde estão agora. Logo hoje que to meio desorientada. Mas é justo nessas horas de drama excessivo e solidão inexplicável, que de repente alguém especial cai de paraquedas na sua frente. Eu deixo o chão de lado e miro meu olhar. Abro uma janela no canto do coração, pode ser pra sempre ou só essa noite. Enquanto eu penso a rua enche, os carros voltam para casa, a lua ilumina ilusões e eu admiro um gesto, uma voz baixinha, uma poesia dentro de uma caixinha de bailarina, e me guardo embaixo de um olhar preso em uma fotografia. Deixo a noite seguir seus próprios planos. As pessoas seguem para suas festas idênticas e de cima do meu mundo eu procuro ela. Não sei como ela é de pijama, não sei se da bom dia ou se acorda de mau humor, se casa, se comida, se vendeu os sonhos ou emprestou a juros, se posso serrar a grade que os cerca, se tem um computador na garantia, cheio de fotos que desconheço, se um dia serão conhecidas, se ela vive bem com a solidão, ou se ela não sabe o que é a solidão, se ela vale à pena amar, se eu preciso ser muito mais que um coração aberto, torcendo pra ela não ser metade da perfeição que sempre idealizo de alguém no primeiro encontro, torcendo pra ela falar besteira e rir de si própria, pedir pizza e comer com a mão, dar pulos de alegria descompassada por uma coisa boba, sem perder a sua facilidade em ser autêntica, madura, inteligente e sofisticada. Me puxar pela mão e me fazer sentir o vento no rosto e sentir a sua mão e o seu rosto, e o seu coração acelerar junto com sua respiração, tão perto que a escuto falar, a escuto querer. E que toda a perfeição chata que eu idealizei vá por água abaixo. E mergulho na multidão contente e passo por baixo de pernas. Eu desconheço a sua historia mais reconheço o brilho único do olhar bicolor. Ela chega e não diz nada do que eu imaginei, ela me liga e eu desligo intrigada e mesmo ainda vendo tudo desfocado, a Alice que vive em mim e corroe meu ventre, trabalha e trabalha. Meu coração multifuncional me fala de uma realidade, onde você empresta amor a juros e paga as contas do coração no 24 horas. Mas que se dane. Só o Wood Allen se importa com isso. Eu vejo um furacão. Meu relógio atemporal atrasado como sempre, me faz lembrar do meu paÍs das maravilhas. Nele vejo o amor entre dois corpos idênticos, é tão irreal e tão real que queima. Espero você chegar na ventânia e eu abro meus braços dentro dela e me deixo rodopiar. Você que vem no furacão, te espero no alto do meu mundo.

7 comentários:

Poetisa (Helena) disse...

"Amor entre dois corpos idênticos, é tão irreal e tão real que queima".
Caramba, hein, que profundo, menina!
Intrigante e profundo.
Vai fundo nessa de procurar o seu amor, quem sabe um dia você esbarra na garota que tanto procura... E talvez ela vá acordar, não do jeito idealizado dos seus sonhos, mas com o cabelo todo desalinhado, a roupa amarrotada e ainda assim você vai querê-la, simplesmente porque é isso que ela desperta em você!
Beijos,
Poetisa.

Poetisa (Helena) disse...

http://escrevoparaviver.blogspot.com/

O Ovo ou O Amor? disse...

Onde você consegue tanta poesia?
=)

Revista Dama' disse...

Uau, você é ótima! Parabéns, viciamo-nos em teu blog.

Beijos!

Milena Ribeiro
Editora-Chefe Revista Dama

Dark Angel disse...

Me encontrei em tuas palavras. Textos assim são profundos e instigantes, pois nos fazem pensar sobre os meros detalhes da vida q nos cerca. Tu me inspirastes tanto q resolvi escrever um breve trechinho da minha vida: "Mente em devaneios colaterais de um amor asfixiado, regado a doses de Red Label e tragadas de um mentolado qualquer. A poeira sobre o ursinho de pelúcia q me destes, delata a tua ausência. Nada mais importa, a não ser a esperança brotada ao som Don't stop believin', de Journey." Não canso de ler teus textos. Parabéns e sucesso com o blog, pois tu vai longe menina! Bjus! =*

Letícia ^^

Sinuca-breja-bossa disse...

Poetisa (Helena): Vou encontrar esse despertar, podexa, no momento certo ele surge. ehehe... Obrigado pela visita e adorei o seu blog, tanto que to indicando no meu ok. Bjuss moça!

O ovo ou o Amor(Elle): Não sei, ela que esbarra em mim de vez em quando. ;) Bjuss minha linda.

Revista Dama: Lisongeada com o coments. Sucesso sempre na revista e voltem sempre. ;)

Dark Angel: Que bom que inspirei vc ;) Voce escreve com emoção. Continue... E obrigada pelas energias positivas.

Camila Muniz disse...

Sou apaixonada pelos teus textos, o jeito que os escreve e como isso contagia. Mais esse não torna as coisas diferentes, as torna evidentes. Quem dera eu tivesse o mesmo tato pra conseguir escrever com o coração dessa forma. Há beleza em cada palavra. Tá sempre de parabéns, Bruninha. ;*