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quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei.
(Leoni)
Ninguem tem razão, eu muito menos.Eu sei.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Defeitos bem feitos


Eu levo desaforo pra casa e deixo confusão em tudo o que desperta meu interesse. Eu me confundo com o que a vida quer de mim e quando eu quero algo a vida tá em uma outra vibe. O meu tempo eu mesma faço e nada me acompanha a não ser todos os desaforos da vida. Aprendi a responder pro mundo, mais sempre dou as respostas erradas, sempre sinto uma vontade de rir quando não pode, de chorar quando não precisa ou talvez pareço não precisar, de viver pra sempre quando tudo flui, de sumir quando as coisas escapam dos dedos, de ler quando quero ser melhor. Nem sempre quero ser melhor, confesso, as vezes quero somente ser eu, sem luz, sem brilho, sem palco, sem platéia,sem maquiagem e me sentir feia sem culpa, tranqüila com a minha unha por fazer e meu rabo de cavalo desalinhado, vestida naquele short com um furinho no canto direito, apenas sabendo que ser eu mesma sempre terá conseqüências e sempre será um pouco esquisito ou broxante. E eu descido voltar a trabalhar, mesmo que isso torne a faculdade um pouco mais puxada, e acho que mereço também uma sala de estar só minha, bem espiritualizada, com meus filtros dos sonhos, meu ganesha, pôsteres de filmes, um sofá espaçoso, um ar retrô, e claro, uma varanda enorme com algumas plantas e uma rede, que caiba muita gente que assim como eu não entendem de nada mesmo e nunca vão entender, mas não ligam muito, e bebem, amargam, riem e lutam, lutam para não se importar em se encaixar nessa sociedade que é tão seletiva. Eu passo pelo corredor e vejo pessoas dizendo que detestam a área dos fumantes e que não querem ser fumantes passivos porque esses são os que morrem mais rápido, e dizem com um copo de whisky nas mãos e eu prontamente concordo, concordo e passo, enquanto encho o meu fígado de álcool e abro outra carteira, e me sinto morrendo aos poucos com o privilégio de estar a frente daqueles que morrem numa tacada só, por motivos horriveis que é bom nem pensar agora, pois já bastam os jornais locais na hora do almoça. Deus inventou a TV a cabo, eu sei. Sobre você? Há, eu acho que você me leva ao pé da letra demais, e a vida também, e o seu coração também, e de repente tudo fica tão sério que você se assusta, porque tudo acontece muito rápido, eu acho que você já viveu tanta coisa, mas sente a necessidade de descontrair o abdômen e ser indefesa, querer precisar de um colo, e o meu colo é seu, e você me mostra o quanto precisa respirar sem o peso de se matar aos poucos para atingir a perfeição, anulando os seus melhores defeitos, e eu me dou inteiramente a essa sua fragilidade encantadora. Eu amo a vida o suficiente pra não ter medo de morrer. Não sei porque to falando tanto sobre isso hoje,essa palavra as vezes assusta, eu sei. Eu morro sempre, já estou acostumada, mas não falo muito sobre isso. A palavra fênix tatuada na minha nuca não me deixa esquecer que eu sei renascer e que eu preciso de pequenas mortes diárias pra sempre renascer no fim do dia. Como naquele filme do Tarantino, eu já matei sentimentos, loucuras, defeitos, qualidades, já sentei em um restaurante sabendo que não devia matar nada em mim, mas precisei, todos ali precisaram, você precisaria, só pra poder sair de lá sobrevivente a tudo o que a sociedade te exige ser e fazer. Certo, é verdade, é tudo muito rápido e eu levo tudo pro pessoal, inclusive você, você é o que de mais pessoal eu tenho e pretendo matar meus piores defeitos e deixar os melhores, porque meus melhores defeitos talvez sejam a minha melhor parte. As minhas piores qualidades eu deixo na reserva pra último caso, e todo o meu melhor te deixo conhecer, aos poucos.