Páginas

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Buenos Aires e o meu sangue latino

No que eu estou pensando? Há!!! Eu sou só nostalgia meus queridos. Eu que já morei em vários estados brasileiros, totalmente acostumada com mudanças, de repente me pego chorando no aeroporto de Porto Alegre. A sensação de que um pedaço de mim ficou naquela cidade, naquele país, naquelas pessoas. De algum modo aquela vida me pertencia muito. Aquele lugar me reinventou, me apresentou a mim mesma. Me senti uma noiva, sendo a primeira a sair da festa, de fininho. Ai! Como sentirei saudades dos brechós de Buenos Aires. As velhinhas fofas puxando conversa nas paradas de ônibus. Todo aquele sentimento de revolução e ativismo porteño em ruas e praças, com suas rotineiras faixas de protestos e ganas de justiça, de igualdade, de liberdade , que me inspiravam e me enchiam de orgulho de estar ali. O Che que existe em cada um de nós ainda esta muito vivo dentro deles. O que falar dos fins de tarde nos cafés mais charmosos que há na América Latina. Os picnics nos bosques de Palermo. O colorido de Caminito. Os sebos onde encontrei raridades musicais e literárias, onde encontrei também muito Tom Jobim, muito Vinicius e Gal e me encantei com a admiração que eles tem pelo nosso país. Saudade do meu amigo mais simpático, o senhor da lojinha de vinil da rua de traz, sempre me oferecia um mate quente e suas historias divertidíssimas sobre a Buenos Aires dos anos 50, a primeira vez que aceitei o mate e as historias, sai de lá pensando como a vida é linda. E a feirinha de San Telmo então? Há! A feirinha de San Telmo aos domingos, o tango com os velhinhos simpáticos sempre dispostos a me ensinar, mesmo tendo seus pés pisoteados pelo meu sangue brasileiro/sambista. Mais com tudo isso, nada supera a força das amizades, sentirei falta principalmente da família linda que eu construi por lá. Cada segundo e cada momento vieram comigo na bagagem. Aprendi muito com cada um, presentinhos lindos que Deus foi me dando gradativamente ao longo do meu percurso por Baires e que são agora uma parte muito bonita da minha historia. Sou grata a Deus por essa experiência e que mais aventuras lindas como esta venham em
minha vida.

domingo, 6 de maio de 2012

Uma dessas manhãs

Buenos Aires amanheceu devagar, preguiçosa. Manhã fria, chão gelado. Me arrasto pelo apartamento, sento enrolada em uma coberta na frente do computador com uma cuia de chá mate saindo fumaça na mão esquerda, ouvindo Peggy Lee em um fone que propositalmente cobre toda a minha orelha e de repente nos meus perdidos literários que sempre xereto um pouco em dias frios sem muito o que fazer, eu leio, “È uma perfeição absoluta, dir-se-ia divina, sabermos disfrutar lealmente do nosso ser.” Gracias Montaigne, por poetizar esse momento sem muita disposição para ser mais que uma manhã qualquer.